Quando se fala em flúor na Odontologia, é preciso entender que estamos tratando do fluoreto (F⁻) e não do elemento químico por si só (F). Ao ler o rótulo das pastas de dente, você pode ver que ele pode aparecer sob a forma de diversos sais como, por exemplo, “fluoreto de sódio” ou “MFP”. Apesar das diferentes formas de apresentação, a ação deste íon sobre a superfície dos dentes (ação local, portanto) é a mesma desde que o flúor esteja livre quando em um meio líquido.
No momento que comemos, as bactérias aderidas à superfície do dente produzem um ácido que desmineraliza um componente dos tecidos mineralizados, chamado cristal de hidroxiapatita (é como se partes deste cristal fossem se separando e se soltando por conta do ácido). Como já dito, caso alguns fatores estejam sob controle, essa perda mineral é inibida pela remineralização, ou seja, repomos parte do mineral que foram perdidos. Se for feito o uso frequente de cremes dentais contendo fluoreto, este íon se incorpora aos cristais de hidroxiapatita que foram reparados pela remineralização. Isso faz diferença? Sim! É um diferencial porque estes novos cristais (fluorapatita) têm um grau menor de suscetibilidade ao ácido quando comparado aos de hidroxiapatita.
Mesmo assim, é importante entender que o fluoreto não reforça o dente, ele apenas retarda o processo carioso, já que dentes submetidos a cremes dentais contendo o íon ainda são suscetíveis ao ácido das bactérias bucais.